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Arritmias Cardíacas - Taquicardia Supraventricular, Ritmo Sinusal e Taquicardia Ventricular


Batimento cardíaco com gráfico de frequência cardíaca

 

Introdução

As arritmias cardíacas são distúrbios da condução elétrica do coração que podem levar a uma variedade de sintomas clínicos, desde palpitações leves até síncopes, insuficiência cardíaca e morte súbita. Este capítulo explora as taquiarritmias supraventriculares, o ritmo sinusal e as taquicardias ventriculares, abordando suas causas, diagnósticos e estratégias terapêuticas com base nas diretrizes médicas mais recentes.

 

Mecanismos das Taquiarritmias

Mecanismos Fisiológicos

As taquiarritmias podem ser mantidas por três principais mecanismos:

  • Automatismo anormal: quando células cardíacas ganham uma capacidade anormal de despolarização espontânea, resultando em disparos rápidos que sustentam a arritmia.

  • Atividade deflagrada: ocorre quando potenciais tardios resultam em despolarizações precoces, deflagrando uma taquicardia.

  • Reentrada: a reentrada é o mecanismo mais comum nas taquiarritmias, onde um circuito elétrico fechado permite a reestimulação contínua de uma área cardíaca.

Abordagem com Desfibrilação

A desfibrilação é mais eficaz em taquiarritmias sustentadas por circuitos de reentrada, como na fibrilação ventricular ou em casos de taquicardia ventricular (TV). O choque interrompe o circuito, restaurando o ritmo normal.

 

Fibrilação Atrial (FA)

Fatores Predisponentes

A fibrilação atrial (FA) é uma das taquiarritmias mais comuns, especialmente em pacientes idosos. Seus fatores predisponentes incluem:

  • Hipertensão arterial sistêmica.

  • Insuficiência cardíaca.

  • Doenças valvares, principalmente da valva mitral.

  • Doenças pulmonares, como DPOC.

  • Tireotoxicose.

Classificação e Diagnóstico

A FA é classificada em:

  • Paroxística: dura menos de 7 dias e se resolve espontaneamente.

  • Persistente: dura mais de 7 dias e necessita intervenção para conversão ao ritmo sinusal.

  • Permanente: aceita-se a presença da arritmia, sem tentativa de conversão.

No ECG, a FA é caracterizada por:

  • Ausência de ondas P.

  • Irregularidade do intervalo RR.

  • Ondas f presentes na linha de base.

Complicações e Risco Tromboembólico

A principal complicação da FA é o tromboembolismo, especialmente o AVC. Pacientes com FA apresentam risco elevado de formação de trombos no átrio esquerdo devido à estase sanguínea.

Avaliação de Risco Tromboembólico O risco de AVC em pacientes com FA é avaliado pelo escore CHA₂DS₂-VASc:

  • 0 ponto: sem necessidade de anticoagulação.

  • 1 ponto: considerar AAS ou anticoagulação.

  • ≥ 2 pontos: anticoagulação indicada.

Manejo Clínico da FA

  • Controle de ritmo: Amiodarona, cardioversão elétrica.

  • Controle de frequência: Betabloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, digitálicos.

  • Anticoagulação: Warfarina (FA valvar), DOACs (FA não valvar).

 

Flutter Atrial

  • Circuito de reentrada no istmo cavotricuspídeo.

  • ECG: Ondas f em “dente de serrote”.

  • Tratamento: Cardioversão elétrica ou ablação por cateter.

  •  

Taquicardia Supraventricular (TSV)

  • Mecanismos: Taquicardia por reentrada nodal (TRN), Taquicardia por reentrada atrioventricular (TRAV).

  • Tratamento agudo:

    • Manobras vagais.

    • Adenosina IV.

    • Cardioversão elétrica em casos refratários.

 

Taquicardia Ventricular (TV)

  • TV monomórfica: Associada a cardiopatia estrutural.

  • TV polimórfica: Associada a isquemia miocárdica ou síndrome do QT longo.

  • Tratamento:

    • Cardioversão elétrica.

    • CDI para prevenção de morte súbita.

    • Sulfato de magnésio na Torsades de Pointes.

    •  

Condutas em Taquiarritmias

  • Monitorização contínua.

  • Avaliação do ritmo e suporte hemodinâmico.

  • Tratamento individualizado conforme o tipo de arritmia.

 

Medicamentos: princípios ativo e nomes comerciais

 

| Classe Terapêutica              | Princípio Ativo       | Nomes Comerciais                  |

|---------------------------------|----------------------|----------------------------------|

| Antiarrítmico Classe III        | Amiodarona          | Ancoron, Atlansil               |

| Betabloqueador                  | Metoprolol          | Lopressor, Seloken, Selozok     |

| Betabloqueador                  | Carvedilol          | Coreg, Cardilol, Dilatrend      |

| Betabloqueador                  | Bisoprolol           | Concor, Bisoheart               |

| Betabloqueador                  | Esmolol              | Brevibloc                       |

| Bloqueador de Canais de Cálcio   | Verapamil           | Isoptin, Calan                  |

| Bloqueador de Canais de Cálcio   | Diltiazem           | Cardizem, Tildiem               |

| Glicosídeo Cardíaco              | Digoxina            | Digoxina, Digox, Lanoxin        |

| Inibidor da Enzima Conversora    | Enalapril           | Renitec, Eupressin, Vasopril    |

| Anticoagulante                   | Varfarina           | Marevan, Coumadin               |

| Anticoagulante                   | Rivaroxabana        | Xarelto                         |

| Anticoagulante                   | Dabigatrana         | Pradaxa                         |

| Anticoagulante                   | Apixabana           | Eliquis                         |

| Anticoagulante                   | Edoxabana           | Lixiana                         |

| Antiarrítmico Classe IC          | Flecainida          | Tambocor                        |

| Antiarrítmico Classe IA          | Quinidina           | Quinaglute, Quinidex            |

| Antiarrítmico Classe IB          | Lidocaína           | Xylocaína, Lidovet              |

| Antiarritmico Classe IC          | Propafenona         | Rytmonorm                       |

| Benzodiazepínico                 | Diazepam            | Valium, Dienpax, Uni-Diazepax   |

| Benzodiazepínico                 | Midazolam           | Dormonid, Dormire, Versed       |

| Sulfato de Magnésio              | Magnésio            | Sulfato de Magnésio             |

| Bloqueador do Nó AV              | Adenosina           | Adenocard, Adenoscan         

 

Pontos Importantes

  1. A FA é a arritmia sustentada mais comum.

  2. O escore CHA₂DS₂-VASc guia a anticoagulação.

  3. O flutter atrial tem alta taxa de sucesso com ablação.

  4. TSV responde bem a manobras vagais e adenosina.

  5. TV sustentada exige cardioversão elétrica e CDI para prevenção de morte súbita.

 

Referências

  1. AHA. 2023 ACC/AHA/HRS Guideline for the Management of Tachyarrhythmias.

  2. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes Brasileiras de Arritmias Cardíacas, 2023.

  3. ESC. 2022 Guidelines for the Management of Patients with Atrial Fibrillation.

  4. Heart Rhythm Society. Guidelines on Supraventricular Tachycardia, 2023.

  5. American College of Cardiology. Management of Ventricular Arrhythmias and Sudden Cardiac Death, 2023.

 

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