Ataque de pânico: o que fazer e como ajudar alguém em um momento de desespero
- medicinaatualrevis
- 10 de abr.
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O ataque de pânico é uma experiência súbita e intensa de medo ou desconforto, frequentemente acompanhada por sintomas físicos e emocionais que podem levar a pessoa a acreditar que está diante de uma emergência médica, como um ataque cardíaco.
Apesar de assustador, o ataque de pânico não representa perigo real à vida e, geralmente, desaparece após alguns minutos.
Ataques de pânico afetam cerca de 11% dos adultos por ano e podem ocorrer isoladamente ou evoluir para um quadro mais complexo, conhecido como síndrome do pânico. Neste artigo, vamos entender melhor o que caracteriza um ataque de pânico, quais são os sinais de alerta, como ajudar alguém em crise e o que fazer para buscar tratamento e prevenção adequados.
O que é um ataque de pânico
O ataque de pânico é um episódio súbito de medo ou desconforto intenso que atinge seu pico em cerca de 10 minutos e pode durar por vários minutos. Esses episódios podem ocorrer de forma inesperada ou serem desencadeados por situações específicas, como fobias ou eventos traumáticos.
Durante a crise, a pessoa pode sentir que está perdendo o controle, enlouquecendo ou até morrendo. Embora os sintomas sejam intensos, não há risco real de morte, e o ataque não causa danos físicos permanentes.
Sintomas do ataque de pânico
Um ataque de pânico geralmente apresenta quatro ou mais dos seguintes sintomas:
Falta de ar ou sensação de sufocamento
Palpitações ou frequência cardíaca acelerada
Dor ou desconforto no peito
Tontura ou sensação de desmaio
Tremores ou espasmos musculares
Sudorese
Náusea ou desconforto abdominal
Sensação de dormência ou formigamento
Sensação de irrealidade ou distanciamento
Medo de perder o controle ou enlouquecer
Medo de morrer
É comum que a pessoa interprete esses sinais como indício de um problema físico grave, o que a leva a buscar atendimento médico de emergência. Contudo, após a exclusão de causas clínicas, o diagnóstico de ataque de pânico pode ser confirmado.
O que é a síndrome do pânico?
A síndrome do pânico ocorre quando os ataques se tornam recorrentes e provocam mudanças significativas no comportamento da pessoa, que passa a viver com medo constante de novas crises.
Os critérios para o diagnóstico incluem:
Ataques de pânico inesperados e repetidos
Preocupação persistente com novos ataques por pelo menos um mês
Mudanças comportamentais para evitar situações associadas às crises
A síndrome do pânico pode surgir no final da adolescência ou início da vida adulta e é mais comum em mulheres. Com o tempo, o quadro pode se agravar, levando ao isolamento social e à deterioração da qualidade de vida.
Como ajudar alguém durante um ataque de pânico
Testemunhar alguém em crise pode ser angustiante, mas saber como agir é essencial para ajudar. Veja algumas orientações:
Mantenha a calma: sua tranquilidade ajuda a pessoa a se sentir segura.
Converse com empatia: diga que ela está segura e que os sintomas vão passar.
Oriente a focar na respiração: inspire lentamente pelo nariz, conte até quatro, e expire pela boca. Repita esse ciclo por alguns minutos.
Evite julgamentos: não diga frases como "é só coisa da sua cabeça" ou "você está exagerando".
Permaneça ao lado dela: não a deixe sozinha, a menos que ela peça.
Se for a primeira crise da pessoa, oriente-a a procurar um médico para descartar causas físicas e iniciar o tratamento adequado.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do ataque de pânico e da síndrome do pânico é clínico, baseado no relato dos sintomas. O médico pode solicitar exames para excluir condições físicas que causam sintomas semelhantes, como problemas cardíacos ou respiratórios.
O tratamento pode envolver:
Terapia cognitivo-comportamental (TCC): é o método mais eficaz, ajudando o paciente a entender seus gatilhos e desenvolver estratégias de enfrentamento.
Medicamentos antidepressivos e ansiolíticos: podem ser indicados em casos mais graves ou persistentes.
Exposição controlada: em ambiente terapêutico, ajuda a pessoa a lidar com situações temidas de forma gradual.
O tratamento costuma ser eficaz e, com o tempo, é possível controlar ou até eliminar os ataques de pânico.
Como prevenir novos ataques
Algumas medidas ajudam a reduzir a frequência e a intensidade das crises:
Pratique exercícios físicos regularmente;
Mantenha uma rotina de sono adequada;
Evite cafeína, álcool e outras substâncias estimulantes;
Realize atividades relaxantes como meditação ou yoga;
Siga corretamente o tratamento médico.
Aprender a reconhecer os sinais de uma crise iminente e aplicar técnicas de respiração pode ser fundamental para controlá-la antes que se intensifique.
Como ajudar alguém tendo um ataque do pânico?
Quando você se depara com alguém em um ataque de pânico, é essencial agir com calma, empatia e segurança. O episódio pode ser extremamente assustador tanto para quem está passando por ele quanto para quem está por perto — mas com algumas atitudes simples, é possível ajudar a pessoa a se sentir acolhida e segura até que a crise passe.
1. Mantenha a calma
Sua tranquilidade é fundamental. Falar com voz suave e pausada ajuda a transmitir segurança. Evite se desesperar ou reagir com pânico, pois isso pode agravar o estado da pessoa.
2. Converse de forma empática
Diga frases como:
“Estou com você.”
“Você está seguro(a). Isso vai passar.”
“Vamos respirar juntos.”
Evite julgamentos ou minimizar a situação com frases como “isso é coisa da sua cabeça” ou “tente se acalmar”. Essas falas podem aumentar a angústia da pessoa.
3. Oriente a pessoa a respirar
Ensine a técnica de respiração lenta e controlada:
Inspire pelo nariz contando até 4
Segure o ar por 2 segundos
Expire lentamente pela boca contando até 6
Repita o ciclo por alguns minutos
Isso ajuda a normalizar o ritmo cardíaco e reduzir a hiperventilação.
4. Ajude a encontrar um local tranquilo
Se possível, leve a pessoa para um local calmo, com pouca movimentação ou ruído. Um ambiente mais silencioso facilita o controle da crise.
5. Fique por perto e não a deixe sozinha
A presença de alguém confiável ajuda muito. Permaneça ao lado dela, oferecendo apoio até que os sintomas comecem a diminuir — geralmente dentro de 10 a 30 minutos.
6. Avalie se há necessidade de ajuda médica
Se for o primeiro ataque da pessoa, ou se houver dúvida sobre a gravidade (por exemplo, dor no peito muito intensa), é indicado procurar atendimento médico, pois os sintomas podem ser confundidos com outros problemas clínicos, como infarto.
7. Sugira ajuda profissional (quando a crise passar)
Depois que a crise estiver controlada, incentive a pessoa a buscar orientação com um profissional de saúde mental. Ataques recorrentes podem indicar síndrome do pânico, que tem tratamento eficaz.
Conclusão
O ataque de pânico é uma resposta exagerada do corpo a situações de estresse ou, às vezes, sem causa aparente. Embora possa ser assustador, ele não representa um risco real à vida. Com o diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível controlar as crises e recuperar a qualidade de vida.
Se você sofre com ataques de pânico ou conhece alguém nessa situação, saiba que ajuda está disponível — e é eficaz. Procurar orientação profissional é o primeiro passo para o alívio e o bem-estar.
Fonte: Manual MSD
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