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Dermatite de pés e mãos: diagnóstico e tratamento


Dermatite disidrótica

Essa foto mostra vesículas e hiperceratose na planta do pé de um paciente com dermatite disidrótica do pé. Uma pequena bolha na base do quinto artelho indica progressão inicial para ponfolix que afeta o pé (podoponfolix).

DR P. MARAZZI/SCIENCE PHOTO LIBRARY


A dermatite de pés e mãos é uma dermatite que afeta as mãos e/ou os pés. Pode ser decorrente de dermatite de contato (alérgica ou irritante) ou de dermatite atópica. As manifestações são eritema, descamação e espessamento da pele. Uma característica única da dermatite de mãos e pés é que ela costuma se manifestar inicialmente com pequenas vesículas, quando é então chamada dermatite disidrótica (embora ainda seja uma dermatite de mãos e pés). O diagnóstico é clínico. O tratamento depende da causa e pode incluir fármacos tópicos, fototerapia e, às vezes, imunossupressores sistêmicos.


Fisiopatologia

Uma característica histológica marcante da dermatite é o edema entre queratinócitos epidérmicos (espongiose). Quando há acúmulo de uma quantidade suficiente de edema, a adesão entre uma célula e outra (desmossomos) se rompe, formando microvesículas. As microvesículas tornam-se visíveis macroscopicamente apenas depois que aumentam em tamanho. Em outras áreas além das mãos e dos pés, essas vesículas costumam se romper rapidamente e não são percebidas. Entretanto, nas mãos e nos pés, por causa do estrato córneo mais espesso, as vesículas tendem a persistir por mais tempo e se tornarem visíveis. A possibilidade de visualização dessas vesículas indica dermatite disidrótica (um termo inadequado porque não tem nada a ver com sudorese ou glândulas sudoríparas anormais). A forma mais grave de dermatite disidrótica (ponfolix) é caracterizada pela coalescência das vesículas, formando bolhas maiores (chamadas cheiroponfolix nas mãos, podoponfolix nos pés e cheiropodoponfolix nas mãos e nos pés).


Sinais e sintomas

Eritema, descamação e espessamento da pele podem progredir para vesículas ou bolhas pruriginosas nas palmas das mãos, nas laterais dos dedos ou nas plantas dos pés (chamada dermatite disidrótica), que podem se romper, resultando em erosões e crostas. As vesículas podem ser o primeiro sintoma visível. Dependendo da etiologia e das exposições, os sintomas podem ser intermitentes. Contato frequente ou prolongado com a água (p. ex., lavar as mãos com frequência, trabalho envolvendo água ou substâncias úmidas), particularmente com detergentes, é um gatilho comum, sobretudo em pacientes com atopia.


Dermatite disidrótica


Diagnóstico

Avaliação clínica

O diagnóstico da dermatite de mãos e pés, geralmente pode ser inferido pela localização e aparência das lesões cutâneas.


O diagnóstico diferencial da dermatite de mãos e pés inclui


· Infecção fúngica

· Psoríase palmoplantar

Infecções fúngicas, que têm reação inflamatória cutânea semelhante, também causam prurido, eritema e descamação. Vesículas e bolhas podem se tornar aparentes (tinha bolhosa), tipicamente visíveis apenas nas mãos e nos pés, como na dermatite de mãos e pés. A característica diferenciadora mais seletiva, quando presente, é a forma anular típica da infecção fúngica decorrente do crescimento centrífugo dos dermatófitos na pele.


Também pode ser difícil diferenciar a psoríase palmoplantar da dermatite de mãos e pés. Características da psoríase palmoplantar que podem ajudar na diferenciação podem incluir placas eritematosas e escamosas muito nitidamente demarcadas, pústulas estéreis e outros sinais de psoríase, como alterações ungueais e placas psoriáticas em outras áreas. Além disso, na dermatite de mãos e pés é possível que hajam vesículas, mas estas não são uma característica da psoríase palmoplantar. Contudo, tanto vesículas quanto pústulas podem ser visíveis quando:


· Coexistem dermatite disidrótica e psoríase palmoplantar

· As vesículas na dermatite disidrótica se tornam superinfectadas

· Os pacientes com psoríase palmoplantar se tornam sensibilizados (p. ex., corticoides tópicos) e desenvolvem dermatite de contato alérgica

· A psoríase palmoplantar é desencadeada (coebnerização) por uma reação de contato alérgica

Muitas doenças além da dermatite podem afetar as mãos e os pés. Entre essas estão


· Infecções fúngicas (p. ex., tinha da mão, tinha do pé, infecções cutâneas por fungos)

· Infecções virais (p. ex., panarício herpético, verrugas)

· Infecções bacterianas (p. ex., impetigo, infecções micobacterianas atípicas)

· Infecções parasitárias (p. ex., escabiose, larva migrans cutânea)

· Ceratodermia palmar e plantar hereditária

· Epidermólise bolhosa hereditária (vários subtipos diferentes)

· Linfoma cutâneo de células T

· Líquen plano

· Pitiríase rubra pilar

· Queratólise esfoliativa (disidrose lamelar)

· Síndrome da mão-pé

Ceratólise esfoliativa (também conhecida como disidrose lamelar ou disidrose lamelar seca) não é uma dermatite, mas uma dermatose. Afeta mãos e pés e é caracterizada por eritema anular no aspecto dorsal de mãos e pés, com bolhas preenchidas por ar, possivelmente seguidas de descamação. Pequenos colaretes anulares de escamas brancas podem afetar as palmas das mãos (menos frequentemente as plantas dos pés), mas poupam o aspecto dorsal de mãos e pés. Não há bolhas preenchidas por líquido. A ceratólise esfoliativa pode ser agravada pelo clima quente, hiper-hidrose, atrito e contato com a água.


A síndrome mão-pé é conhecida por vários termos, incluindo eritema acral, eritrodisestesia palmar-plantar, eritema tóxico das palmas das mãos e plantas dos pés, reação de Burgdorf e eritema tóxico da quimioterapia. Eepresenta uma toxicidade cutânea causada por determinados quimioterápicos sistêmicos (p. ex., capecitabina, citarabina, fluoruracila, idarrubicina, doxorrubicina, taxanos, metotrexato, cisplatina e tegafur). Os sintomas começam com parestesias nas palmas das mãos e/ou plantas dos pés, seguido de edema e eritema doloroso e simétrico, particularmente sobre as bolsas de gordura das falanges distais. Dor, dormência, descamação ou bolhas nas palmas das mãos e plantas dos pés podem se desenvolver.


Tratamento

· Tratamento da causa quando possível

· Medidas de suporte

· Fármacos tópicos e fototerapia

Na doença grave, às vezes corticoides sistêmicos ou imunossupressores

O tratamento deve ser direcionado à causa quando possível.


Os pacientes devem evitar alérgenos de contato bem como irritantes cutâneos, especialmente o contato frequente ou prolongado com água e detergentes.


Pode-se utilizar corticoides tópicos, com a potência baseada na gravidade da dermatite. Anti-histamínicos podem ajudar a controlar o prurido.


Fototerapia com UVB de banda estreita (UVB) ou com PUVA de imersão (em que os pacientes molham as mãos e/ou pés em solução de psoraleno antes da exposição ao UVA) pode ajudar.


Trata-se a superinfecção com antibióticos tópicos ou sistêmicos. Para doença grave, pode-se utilizar corticoides sistêmicos, de preferência apenas a curto prazo. Às vezes, se for necessário tratamento imunossupressor sistêmico a longo prazo, pode-se administrar ciclosporina, micofenolato ou metotrexato.


Por

Thomas M. Ruenger, MD, PhD, Georg-August University of Göttingen, Germany

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