1) Qual a principal origem dos ácidos no organismo?
A formação dos ácidos no organismo humano é proveniente da vias metabólicas dos carboidrados, dos lípides e das proteínas.
2) Qual a diferença entre os ácidos voláteis e não voláteis?
Ácidos volateis são aqueles que podem ser tranformados em ácido carbônico, que posteriormente será convertido em gás carbônico e liberados pelo pulmão. Já os ácidos não voláteis são os demais ácidos. Em termos gerais, ácidos não voláteis são provenientes do metabolismo de proteínas, devido a presenção de átomos como enxofre e nitrogênio na composição química dessas macromoléculas.
3) Qual a faixa de normalidade para o pH sanguíneo?
O pH sanguíneo pode variar entre 7,35 e 7,45.
4) Por que é crucial para o organismo manter os níveis de íon hidrogênio tão baixo e dentro de uma faixa tão estreita de normalidade?
A alta interação existente entre essa espécie química e as macromoléculas do organismo, faz com que pequenas alterações possam gerar grande desregulações na atividade celular e molecular no organismo.
5) Qual a definição do termo acidose?
Acidose é o estado o qual um organismo se encontra quando o pH sanguíneo está abaixo de 7,35.
6) Qual a definição do termo alcalose?
Alcalose é o estado do organismo o qual o sangue possui pH superior a 7,45.
7) Quais os extremos para a variação do pH sanguíneo ainda compatíveis com a vida?
O pH só é compatível com a vida dentro da faixa entre 6,8 a 7,8. Vale destacar que a variação entre o início do que se considera acidose e o limite do que se considera compatível com a vida é maior do que essa mesma faixa na alcalose. Isso ocorre porque, como o corpo se encontra em constante "luta" para manter os níveis de ácidos dentro do normal, o organismo se adaptou a tolerar melhor a acidose do que a alcalose.
8) Quais os principais mecanismos de controle do pH sanguíneo?
Eles são três, basicamente: os sistemas tampão, o controle renal e o controle respiratório.
9) Como é formado um sistema tampão?
Todo sistema tampão é composto por um ácido fraco e um sal formado pela reação desse mesmo ácido fraco com uma base forte.
10) Qual o principal sistema tampão do sangue?
No organismo, o principal sistema tampão é o acido carbônico mais bicarbonato de sódio.
11) Qual a função de um sistema tampão?
Um sistema tampão tem como função a redução da variabilidade do pH quando há um meio, é adicionado um ácido ou base forte.
12) Como funciona um sistema tampão?
Quando se adiciona um ácido forte ao meio com tampão, esse toma o lugar do ânion do ácido fraco no sal (HCl + NaHCO2 = H2CO2 + NaCl), gerando um sal neutro e um ácido fraco. Quando se adiciona uma base forte, o ácido fraco reage com essa gerando um sal e água (NaOH + H2CO2 = H2O + NaHCO2).
13) Como o sistema respiratório e o sistema urinário interferem no equilibrio ácido básico do organismo?
Através da anidrase carbônica, presente no pulmão, o ácido carbônico se dissocia em água e gás carbônico, cujo gas é eliminado na respiração. Por consequência, há uma queda na concentração de ácido carbônico, aumentando o pH do organismo. Já no caso do sistema urinário, os rins são capazes de eliminar o bicarbonato, gerando uma queda no pH.
14) Qual o tempo estimado para o início da ação de cada um dos sistemas citados?
Quando ocorre uma sobrecarga ácida, os sistemas tamponantes dos líquidos extracelulares têm resposta imediata. Logo em seguida, dentro de alguns minutos, o sistema respiratório começa a tentar compensar a sobrecarga. Após, aproximadamente 2 horas da sobrecarga, os sistemas tampão do líquido intracelular começam a agir. Por fim, após aproximadamente 24 horas, a modulação da secreção de bicarbonato pelos rins começa a gerar efeito sobre o pH do organismo.
15) O que diferencia distúrbios respiratórios de distúrbios metabólicos?
Distubios metabólicos são aqueles que a alteração primária foi na concentração de bicarbonato. Já os respiratórios são aqueles que o distúrbio primário é na pCO2.
16) Como se caracteriza um distúrbio com aumento de pH e aumento da concentração de bicarbonato?
Alcalose (devido ao aumento do pH) metabólica (visto que a alteração primaria é no bicarbonato).
17) Como se caracteriza um distúrbio com dimunuição de pH e aumento da pCO2?
Acidose (devido à redução do pH) respiratória (visto que a alteração primaria é na pCO2).
18) Quais são as alterações primárias e as respostas secundárias esperadas nos distúrbios do equilíbrio ácido-básico?
As alterações primárias de um distúrbio do equilibrio ácido-base é a causadora da alteração do pH. Já a resposta secundária é a tentativa do organismo de tentar normalizar o pH através de uma modificação na função do sistema não alterado. A tabela a baixo esquematiza as alterações para cada distúrbio:
19) Em qual situação é aceitavel a utilização de uma gasometria venosa?
Os valores de pCO2 para gasometria venosa é muito diferente da gasometria arterial. Por essa razão, a gasometria venosa só deve ser usada para estudar distúrbios exclusivamente metabólicos, visto que a concentração de bicarbonato não se altera de forma significativa.
20) O que é o bicarbonado padrão ou standard?
O bicarbonato atual é medido diretamente no sangue arterial do paciente. Contudo, como uma elevação da pCO2 pode gerar um aumento do bicarbonato por desvio do equilíbrio químico da reação de converção de CO2 em bicarbonato, o bicarbonato atual passa a não ser uma medida confiável para o estado metabólico do paciente. O bicarboato standard é a correção feita, através de um cálculo, para simular como seria a concentração de bicarbonato no sangue do paciente, caso a pCO2 fosse 40 mmHg.
21) O que é BE?
Base Excess é a medida da quantidade de base ou ácido que seria necessário adicionar ao sangue do paciente para que o pH do paciente voltasse para 7,4, sendo que deve ser feito primeiro a correção matemática da pCO2.
22) Quais são os mecanismos causadores de um acidose metabólica?
A acidose metabólica é uma queda no pH, devido a uma diminução na concentração de bicarbonato. A queda do bicarbonato pode ocorrer de duas formas: perdas e utilização nos sistemas tampão, devido ao excesso de H+. Quanto às perdas, elas podem ser urinárias (uso de acetozolamida, diuréticos poupadores de K+ e acidose tubular renal tipo 2) ou do TGI abaixo do nível do piloro (diarreia, fistulas biliares, entéricas ou pancreaticas, etc.). Levando em consideração o excesso de H+, existem também duas possibilidades: retenção (inabilidade do rim de secretar H+, insuficiencia renal ou acidose tubular renal tipo 1) ou aumento na produção (acidose lática, cetoacidose diabética, cetoacidose alcoólica ou intoxicações).
23) O que é o ânion Gap (AG)?
Como o organismo está em neutralidade elétrica, o somatório das cargas positivas e negativas deve totalizar zero. No líquido extracelular, o principal cátion é o Na+, representando quase a totalidade das cargas positivas, e os ânions comumente mensurados são o cloreto e o bicarbonato. Tendo em vista que existem muitas cargas negativas que não são mensuradas, uma forma de estimar a quantidade delas é através da subtração da concentração do sódio pelo somatório das concentrações de cloreto e bicarbonato. A esse resultado se dá o nome ânion Gap (AG).
24) O que acontece com o AG na acidose metabólica por perda?
O AG não se altera, visto que há um aumento proporcional na concentração de cloreto, que faz com que o somatório das concentrações de cloreto e bicarbonato fique constante. Por essa razão, a acidose metabólica por perda é chamada de acidose metabólica com AG normal ou hiperclorêmica.
25) O que acontece com o AG na acidose metabólica por aumento na produção de H+?
No exemplo da acidose lática, o paciente tinha um grande número de moléculas de ácido lático, que se dissocia em H+ e lactato, que é um ânion não habitualmente mensurado. Com o aparecimento de um novo ânion que está incluído no AG no lugar do bicarbonato, há um crescimento do AG.
26) Quais são os possíveis fatores geradores de alcalose metabólica?
Os três principais fatores geradores são a administrção de álcalis (administração de bicarbonato), perda de hidrogênio (perdas pelo TGI acima do piloro; vômito, sondas abertas, etc.) e perda desproporcionada de cloreto, na qual o organismo retém bicarbonato para preservar o equilíbrio elétrico.
27) Qual a importância de um fator renal para a manutenção de uma alcalose metabólica?
O rim é extremamente eficiente na manutenção da concentração sérica de bicarbonato. Caso ele esteja em funcionamento pleno e não haja nenhum outro estimulo que é de maior relevância, a função secretora renal consegue facilmente controlar o bicarbonato. Um exemplo de estímulo que pode interferir na função renal é a hipovolemia, pois nessa situação o rim necessita restaurar a volemia e, para isso, retém íons, incluindo o bicarbonato. Outro exemplo é o estimulo mineralocorticoide, como seria o caso de um paciente sendo medicado com corticoide.
28) Qual a função do bicarbonato standard na acidose respiratória aguda?
O bicarbonato standard serve para caracterizar se houve tempo ou não para o início da resposta renal, podendo auxiliar na caracterização temporal do distúrbio.
29) Qual o tratamento da acidose respiratória aguda?
Restaurar o padrão de ventilação é o tratamento desse distúrbio.
30) Como pode ser revertida a alcalose repiratória aguda?
Assim como na acidose respiratória aguda, é crucial restaurar o ritmo respiratório. Antigamente, utilizava-se a técnica de fazer com que o paciente respirasse em um saco impermeável, o que faria com que a fração de CO2 inspirada aumentasse, o que causaria um aumento na pCO2 arterial e supressão do centro respiratório. No caso de um crise psicogênica, hoje, administra-se ansiolíticos.
31) Nos casos de distúrbios respiratórios agudos, como está o bicarbonato standard?
Como ainda não houve tempo para o começo da resposta secundária gerada pelos rins, o bicarbonato standard está normal.