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Estados Edematosos: definição, classificação e tratamento



 

Definição e Classificação

 

Definição de Edema

O edema é definido como o acúmulo anormal de fluidos no espaço intersticial. A exceção é o edema cerebral, que corresponde ao acúmulo intracelular de líquidos.

 

Fisiopatologia do Edema

O desenvolvimento do edema envolve duas etapas principais:

1. Alteração na hemodinâmica capilar, favorecendo o movimento de líquido do intravascular para o interstício.

2. Retenção renal de sódio e água oriundos da dieta.

 

Distribuição da Água Corporal

A água corporal é distribuída em compartimentos intracelulares, intersticiais e extracelulares. O endotélio separa o intravascular do interstício, e as membranas celulares dividem o intracelular do interstício.

 

Alteração Volumétrica Clinicamente Importante

Uma expansão volumétrica do interstício passa a ser clinicamente significativa quando atinge cerca de 3 litros.

 

Fisiologia e Mecanismos

 

Forças de Starling

O fluxo entre o meio intravascular e o intersticial é regido pelas forças de Starling, que dependem da permeabilidade da membrana endotelial (Kf), da diferença entre a pressão hidrostática capilar e intersticial (Pc – Pi), e da diferença entre a pressão oncótica capilar e intersticial (ᴨc - ᴨi).

 

Pressão Oncótica e Albumina

A principal proteína plasmática responsável pela pressão oncótica do plasma é a albumina.

 

Drenagem Linfática

A drenagem linfática impede a formação de edema em condições normais, ao remover o excesso de líquido intersticial.

 

Causas de Edema

 

Aumento da Permeabilidade Capilar:

Causas comuns incluem inflamação/sepse, reações alérgicas, toxinas, queimaduras e traumas.

 

Aumento da Pressão Hidrostática Venocapilar:

Frequentemente causado por insuficiência cardíaca congestiva (ICC), hipertensão porta e insuficiência venosa crônica.

 

Redução da Pressão Oncótica Capilar:

Desnutrição, síndromes disabsortivas, insuficiência hepática, síndrome nefrótica e doenças catabólicas são causas principais.

 

Medicamentos Associados ao Edema:

Incluem AINEs, vasodilatadores (hidralazina, minoxidil), bloqueadores dos canais de cálcio (nifedipina, amlodipina), hormônios (corticoides, estrogênio) e imunossupressores (ciclosporina).

 

Diagnóstico e Classificação

 

Diagnóstico Clínico do Edema:

O diagnóstico clínico envolve a identificação do sinal do cacifo (Godet), aumento do peso corporal, intumescimento local e arredondamento das formas.

 

 Classificação Clínica:

O edema pode ser classificado como mole (com cacifo) ou duro. Exemplos de edema mole incluem ICC, síndrome nefrótica e insuficiência hepática, enquanto edema duro pode ser visto em obstrução linfática, obstrução venosa crônica e mixedema.

 

Extensão do Edema:

O edema pode ser generalizado, como na ICC e síndrome nefrótica, ou localizado, como na obstrução linfática e venosa crônica.

 

Tratamento

 

Princípios Gerais do Tratamento:

1. Tratamento da doença de base.

2. Uso de diuréticos (principalmente de alça).

3. Restrição de sódio e água da dieta.

 

Controle da Diureticoterapia:

A avaliação periódica do peso corporal, pressão arterial e exames laboratoriais é essencial no manejo do edema.

 

Edema em Condições Específicas

 

Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC):

O edema na ICC começa nos tornozelos e pode ascender. Está associado a sinais de congestão circulatória, como dispneia progressiva, turgência jugular patológica, hepatomegalia, tosse noturna e estertores pulmonares.

 

Síndrome Nefrótica:

Caracteriza-se por edema mais evidente na face e pálpebras, especialmente pela manhã. É resultado de um processo inflamatório glomerular que leva à retenção de sódio e água.

 

Hepatopatia Cirrótica:

A principal apresentação é a ascite, resultado da hipertensão porta. O edema é predominantemente nos membros inferiores e associado a estigmas da cirrose hepática.

 

Pontos Importantes

 

- Forças de Starling são cruciais para entender o fluxo de líquidos entre os compartimentos.

- Albumina é a principal proteína plasmática que mantém a pressão oncótica.

- Drenagem linfática é vital para prevenir o edema.

- Medicamentos podem causar ou agravar estados edematosos.

- Tratamento inclui manejo da doença de base, uso de diuréticos e restrição de sódio e água.

- Edema na ICC é caracteristicamente vespertino, frio e indolor.

- Síndrome Nefrótica e Hepatopatia Cirrótica têm apresentações clínicas distintas e requerem abordagens terapêuticas específicas.

 

Referências

 

1. UpToDate

2. Nefrologia Clínica – Richard J Johnson

3. "Cardiorenal Syndrome: Classification, Pathophysiology, Diagnosis, and Treatment Strategies - A Scientific Statement From the American Heart Association"

4. Simonetto, D.A.; Gines, P.; Kamath, P.S. "Hepatorenal syndrome: pathophysiology, diagnosis, and management." BMJ, September 2020; 370: m2687. Disponível em: [Link](http://dx.doi.org/10.1136/bmj.m2687)

 

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