Estenose Hipertrófica de Piloro
- claurepires
- 19 de mar.
- 3 min de leitura

O que é Estenose Hipertrófica de Piloro (EHP)?
A estenose hipertrófica do piloro é caracterizada por uma hipertrofia progressiva da musculatura do piloro, o que provoca o estreitamento persistente do canal pilórico. Esse estreitamento impede a passagem do conteúdo gástrico para o duodeno, resultando em vômitos não biliosos, frequentemente observados em bebês entre 2 a 6 semanas de vida. Trata-se de uma das causas mais comuns de vômitos nessa faixa etária.
Etiologia
Embora a etiologia exata da EHP permaneça incerta, fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante. O histórico familiar aumenta o risco de EHP, com maior incidência em recém-nascidos do sexo masculino, principalmente primogênitos. Fatores de risco incluem o uso de eritromicina nas primeiras semanas de vida, tabagismo materno e a administração de antibióticos macrolídeos durante a gestação.
Fisiopatologia
A hipertrofia do músculo pilórico resulta em um bloqueio quase completo da saída do conteúdo gástrico para o intestino delgado. Com o tempo, essa obstrução leva a vômitos repetitivos, desidratação e perda de peso. A criança pode desenvolver desequilíbrios eletrolíticos e metabólicos, como alcalose hipoclorêmica e hipocalêmica devido à perda constante de íons H+ e Cl-.
Fatores de Risco
Os principais fatores de risco incluem:
- Sexo masculino (5:1)
- Primogênitos
- Uso de eritromicina nas primeiras semanas de vida
- História familiar de estenose pilórica.
Apresentação Clínica
Os sintomas mais comuns incluem vômitos em jato não biliosos, fome constante, desidratação, perda de peso e alterações eletrolíticas. Ao exame físico, pode ser palpada a chamada "oliva pilórica" no quadrante superior direito do abdome, um achado patognomônico.
Diagnóstico
A ultrassonografia é o exame de escolha, com sensibilidade superior a 95%. A espessura da parede pilórica ≥ 4mm e o comprimento do canal ≥ 18mm confirmam o diagnóstico. Caso a ultrassonografia não esteja disponível ou o diagnóstico permaneça duvidoso, pode-se realizar um estudo contrastado do trato gastrointestinal superior.
Tratamento
O tratamento definitivo é a piloromiotomia de Fredet-Ramstedt, um procedimento cirúrgico que envolve a incisão da camada muscular do piloro, permitindo a passagem do conteúdo gástrico. Antes da cirurgia, é essencial corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e garantir a estabilidade clínica.
Cuidados Pré-operatórios
Os cuidados incluem a suspensão da alimentação por via oral, a colocação de uma sonda nasogástrica para descompressão gástrica, e a hidratação intravenosa com correção de distúrbios eletrolíticos.
Cuidados Pós-operatórios
A alimentação pode ser retomada gradualmente 4 a 6 horas após a cirurgia. A alta hospitalar geralmente ocorre dentro de 48 horas, e as complicações são raras, sendo a mais grave a perfuração da mucosa【170†source】.
Complicações
Complicações potenciais incluem:
- Perfuração da mucosa
- Vômitos persistentes devido à piloromiotomia incompleta
- Infecção da ferida cirúrgica.
Pontos Importantes:
- Quadro clínico: Vômitos em jato, fome constante, perda de peso e desidratação são indicativos claros de EHP.
- Diagnóstico: Ultrassonografia com avaliação da espessura e comprimento do piloro.
- Tratamento: Piloromiotomia de Fredet-Ramstedt, precedida pela correção de desequilíbrios hidroeletrolíticos.
- Complicações: Perfuração, infecção e vômitos persistentes devem ser monitorados no pós-operatório.
Referências:
1. Maksoud JG. Cirurgia Pediátrica. Estenose hipertrófica de piloro. Rio de Janeiro, Revinter, 2003.
2. Figueirêdo, S. S. et al. Estenose hipertrófica do piloro: Caracterização clínica, radiológica e ecográfica. Radiologia Brasileira, 2003.
3. Dalton, B. et al. Optimizing Fluid Resuscitation in Hypertrophic Pyloric Stenosis. Journal of Pediatric Surgery, 2016.
4. Mayo Clinic. Pyloric Stenosis - Diagnosis and Treatment, 2022.
5. RCH Clinical Practice Guidelines: Pyloric Stenosis, 2024.
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