Exame de DNA-HPV substituirá papanicolau no SUS: saiba o que muda na prevenção do câncer de colo do útero
- medicinaatualrevis
- 31 de mar.
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A prevenção do câncer de colo do útero vai passar por uma importante transformação no Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda em 2025, o tradicional exame de Papanicolau será progressivamente substituído pelo exame de DNA-HPV, um teste molecular mais sensível e eficaz no rastreamento do vírus responsável por mais de 99% dos casos da doença.
Essa mudança, anunciada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), visa tornar o rastreamento mais preciso e ampliar o intervalo entre os exames, contribuindo para a erradicação do câncer de colo de útero nos próximos anos.
O que é o exame de DNA-HPV?
O exame de DNA-HPV é um teste molecular que detecta diretamente a presença do material genético do papilomavírus humano (HPV) nas células do colo do útero. Ele permite identificar se a mulher está infectada, mesmo antes de surgirem alterações celulares.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o exame como método primário de rastreamento desde 2021, por sua maior sensibilidade, eficácia na redução de casos e óbitos, e capacidade de detectar subtipos oncogênicos como o HPV 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer cervical.
Quais são as principais mudanças com o novo exame?
Com a implementação do exame de DNA-HPV no SUS, haverá mudanças importantes:
Intervalo maior entre exames: se o resultado for negativo, a nova diretriz permite que o exame só precise ser repetido após cinco anos.
Rastreamento mais seguro e eficaz: o teste tem alto valor preditivo negativo, o que significa que um resultado negativo confere maior segurança de ausência da infecção.
Conduta mais direcionada: em casos de detecção de tipos de HPV de alto risco, a paciente será encaminhada diretamente para colposcopia e tratamento precoce, se necessário.
Inclusão de autocoleta: para populações com barreiras de acesso, como mulheres em áreas remotas ou com resistência ao exame tradicional, será possível coletar o material de forma autônoma, com segurança.
Atenção a populações vulneráveis: as diretrizes também incluem orientações específicas para pessoas transgênero, não binárias e intersexuais, ampliando o cuidado em saúde com equidade.
Por que o exame de DNA-HPV é mais eficaz?
A detecção precoce do HPV antes do desenvolvimento de lesões permite intervir rapidamente e evitar a progressão para o câncer. O teste molecular oferece precisão superior ao Papanicolau, que depende da análise de alterações celulares visíveis ao microscópio.
Além disso, ao identificar os subtipos virais, o exame de DNA-HPV facilita o direcionamento da conduta clínica conforme o risco individual da paciente.
Quem deve fazer o exame?
O público-alvo permanece o mesmo: mulheres e pessoas com útero com idade entre 25 e 49 anos, sem sintomas ou suspeita clínica. Com a nova diretriz, aquelas que tiverem resultado negativo poderão aguardar cinco anos até a próxima coleta — o que representa uma evolução tanto em conforto quanto em uso racional de recursos públicos.
A importância do rastreamento organizado
A nova política será acompanhada por um modelo de rastreamento organizado, no qual o SUS fará a busca ativa das pessoas que devem realizar o exame. Isso significa que as unidades de saúde deixarão de esperar que as pacientes procurem atendimento e passarão a convocá-las ativamente.
Essa mudança busca aumentar a cobertura do exame, que atualmente está abaixo de 50% na maioria dos estados brasileiros, segundo dados do Sistema de Informação do Câncer.
Fonte: Agência Brasil