1. Qual a definição de hipertrofia prostática benigna?
Por definição, a hipertrofia prostática benigna (HPB) é uma descrição histológica do tecido prostático, no qual há proliferação celular epitelial e estromal da próstata.
2. Qual a correlação de HPB e sintomas urinários do trato inferior (STUI)?
O termo está frequentemente associado aos sintomas obstrutivos do trato urinário inferior (o paciente tem dificuldades para realizar o esvaziamento vesical adequado). Entre outros fatores, esses sintomas podem decorrer da obstrução mecânica causada pelo aumento do volume prostático, dificultando a drenagem da urina que, ao longo do tempo, causará alterações na estrutura da parede vesical (relacionadas com o aumento do esforço desse tecido), tanto em relação à histologia da musculatura da bexiga como da sua relação com o sistema nervoso central.
3. Quais fatores hormonais estão principalmente relacionados com o crescimento prostático na HPB?
Os hormônios esteroides androgênicos e a di-hidrotestosterona (DHT) possuem papel importante no desenvolvimento da HPB, embora não sejam a sua única causa. A DHT é o andrógeno mais potente que atua na próstata, e os receptores androgênicos em seu tecido continuam altos mesmo com o passar da idade. O desequilíbrio entre proliferação e morte celular está correlacionado com o aumento do volume prostático.
4. Qual a correlação entre receptores androgênicos e testosterona?
Os receptores androgênicos convertem a testosterona em DHT em nível citoplasmático, utilizando duas isoenzimas: a 5-alfa-redutase do tipo 1 e a do tipo 2; esta destaca-se por ser mais distribuída no tecido prostático.
5. Na HPB, esse órgão sofre hipertrofia de forma homogênea?
Não. A zona de transição é aquela que mais se desenvolve na HPB e, devido à sua íntima relação com a uretra, frequentemente se observa o desenvolvimento de STUI.
6. Fale sobre as zonas prostáticas.
A anatomia e a histologia da próstata foi amplamente estudada para o melhor entendimento das suas doenças. McNeal e seus colaboradores propuseram a divisão da próstata em três zonas:
• zona de transição – porção mais íntima da glândula, circunda a uretra; embora seja a menor porção do órgão (5%), tem correlação direta com os sintomas decorrentes da HPB; é raro câncer de próstata nessa região;
• zona central – área não glandular que envolve a zona de transição; corresponde a cerca de 25% do tecido prostático;
• zona periférica – íntima relação com o reto; corresponde a cerca de 80% do volume prostático. Nessa região, os tecidos malignos são frequentemente identificados;
• zona anterior – constituída por tecido fibromuscular; tem pouca correlação com o HPB; forma toda a superfície anterior da próstata como um avental grosso e não glandular, protegendo a visão da superfície anterior das três regiões glandulares.
Fonte: McNeal JE. In: Martins ACP. Benign prostate diseases. USA. 2001: 7.
7. A HPB tem correlação direta com o envelhecimento?
Estudos de necropsia demonstram a correlação direta entre o envelhecimento e a HPB, independente do país ou da etnia estudada. Importante ressaltar que nem toda HPB cursará com sintomas.
Por volta dos 60 anos de idade, aproximadamente 50% dos indivíduos terão o padrão histológico de HPB; contudo, do ponto de vista clínico, cerca de 25% dos homens, aos 55 anos, podem apresentar os sintomas. A HPB/STUI é a doença urológica mais prevalente em homens idosos.
8. Outras doenças relacionadas com o envelhecimento também podem estar correlacionadas com os STUI?
Sim. Patologias como hérnias discais, diabetes mellitus, Alzheimer e Parkinson podem causar STUI e devem ser levadas em consideração ao correlacionarmos os sintomas com o HPB na população idosa.
9. Como deve ser feito o diagnóstico da HPB/STUI?
O diagnóstico é eminentemente clínico, partindo do relato do paciente em relação ao padrão miccional. Os sintomas podem ser relacionados com as fases de armazenamento, esvaziamento e pós-miccionais.
10. Existe alguma forma de tornar esse relato mais objetivo?
Os STUI podem ser avaliados de forma padronizada por meio de um questionário autoaplicável. O International Prostate Sympton Score (IPSS) é o mais comumente utilizado, pois reflete o quanto os sintomas relatados impactam na qualidade de vida do indivíduo.
Outro instrumento importante para esse grupo de pacientes é o uso do diário miccional, no qual a frequência e o volume urinado são relatados através de anotações.
11. Descreva como deve ser realizado o exame físico direcionado em um paciente com suspeita de HPB/LUTS.
Abdominal
• Palpação de abdômen inferior em busca de globo vesical palpável.
Exame digital retal
• Contração e sensibilidade do esfíncter anal;
• avaliação do reflexo bulbo cavernoso;
• características da próstata;
• palpação de parede retal.
Genital
• Avaliação do meato uretral.
12. Quais os exames laboratoriais que devem ser solicitados? Comente sobre suas interpretações em um paciente com HPB/LUTS?
Iniciais
• Elementos anormais e sedimentoscopia (EAS): utilizado para descartar infecção de trato urinário (ITU), que também pode causar STUI;
• antígeno prostático específico (PSA): utilizado no screening de adenocarcinoma de próstata. Deve ser empregado com cautela, já que, além das recomendações específicas das sociedades internacionais de urologia, as condições inflamatórias da próstata também podem cursar com sua elevação.
Opcionais
• Creatinina: sua elevação em pacientes com obstrução infravesical é uma das indicações cirúrgicas;
• citologia oncótica urinária: descartar carcinoma urotelial.
13. Quais os exames de imagem que podem ser solicitados em pacientes com HPB?
14. Descreva a fisiopatologia da HPB.
Devido à barreira mecânica na uretra causada pelo volume da próstata, ocorrerá um aumento da resistência uretral, o qual reduzirá a eliminação da urina e aumentará o volume de urina residual na bexiga. Assim, a bexiga necessitará de uma força maior para eliminar essa urina e vencer a obstrução uretral, dando início aos sintomas de obstrução infravesical.
15. Quais são as alterações vesicais na HPB?
Na HPB, também há alterações vesicais que se manifestam como sintomas miccionais, como urgência e incontinência miccional. Devido ao excesso de força realizado pela bexiga para a micção vencer a barreira mecânica causada pela próstata aumentada, ocorre o espessamento da parede muscular da bexiga; dessa forma, há substituição da musculatura lisa da parede por colágeno, reduzindo a sua força contrátil. Além disso, por conta da hipertrofia da musculatura da bexiga, podem aparecer trabeculações e divertículos vesicais entre essas fibras, aumentando a retenção da urina e possibilitando a ocorrência de infecções urinárias de repetição.
16. Qual o significado de cálculo vesical e quais são as suas causas?
Em adultos, um cálculo identificado na bexiga pode ter sido inicialmente formado nos rins e expelido através do ureter até a cavidade vesical-bexiga, ou pode ter sido formado na própria bexiga que, por deficiência do seu esvaziamento, cursa com formação de cristais, os quais se organizam e formam cálculos. Nesse sentido, a deficiência do esvaziamento vesical (por exemplo, hipocontratilidade vesical, hiperplasia prostática, estenose de uretra) tem correlação direta com cálculos vesicais. A literatura médica frequentemente relata a correlação de corpos estranhos intravesicais cursando com a formação de cálculos; esses corpos estranhos incluem dispositivos intrauterinos migrados, fios de sutura, clipes cirúrgicos e também itens introduzidos pelos próprios pacientes.
17. J. C. J., 27 anos, queixa-se de esforço miccional, jato interrompido, urgência miccional, gotejamento e nitúria. Exame de toque retal e USG da próstata sem alteração. Qual o próximo exame de imagem que deve ser solicitado?
A uretrocistografia consiste em um exame com contraste injetado pelo meato uretral com posterior radiografia. É utilizada para diagnóstico diferencial, principalmente de estenose de uretra. É solicitada quando a próstata está muito pequena (comum em pacientes jovens), mas o paciente apresenta muitos sintomas miccionais. Às vezes, esses sintomas miccionais de construção infravesical são decorrentes de uma estenose de uretra e não de uma HPB propriamente dita.
18. Quando não é indicado realizar tratamento farmacológico ou cirúrgico na HPB?
Pacientes com sintomas leves podem ser acompanhados periodicamente, e alterações comportamentais devem ser sugeridas. Essa tática conservadora pode falhar no período de cinco anos em cerca de 21% dos casos. Alguns estudos relatam que aproximadamente 80% dos pacientes seguem estáveis após um acompanhamento de 17 meses. Desse modo, as consultas devem ser regulares.
19. Paciente com sintomas de esforço miccional, jato interrompido, urgência miccional, gotejamento, nitúria e dor suprapúbica foi diagnosticado com HPB e não quer realizar tratamento. Quais os riscos oriundos dessa decisão?
• Alteração da histologia vesical;
• possibilidade de dilatação renal;
• infecções urinária de repetição;
• cálculo vesical.
20. Quais as opções de tratamento farmacológico na HPB seus efeitos colaterais?
21. Paciente diagnosticado com HPB – em uso regular de tansulozina e finaserida há seis meses – retornou ao consultório com resultado do exame de PSA 2 ng/ml. Esse resultado é confiável? Se não, qual o valor aproximado do PSA desse paciente?
Os pacientes que utilizam inibidores da 5-alfarredutase (finasterida e duatasterida) em um período maior do que seis meses apresentam redução do PSA de até 50%. Desse modo, deve-se multiplicar o PSA atual do paciente por 2 para se obter um resultado igual a 4 ng/ml, aproximadamente.
22. Quando é indicado o tratamento cirúrgico na HPB?
• Retenção urinária persistente e refratária às medidas de tratamento;
• infecções urinárias de repetição;
• cálculo vesical;
• uretero-hidronefrose;
• insuficiência renal pela HPB (elevação da creatinina);
• sonda aprisionada;
• hematúria macroscópica recorrente de origem prostática;
• divertículos vesicais + ITU ou disfunção vesical.
23. Qual o padrão-ouro no tratamento cirúrgico minimamente invasivo para HPB?
24. Qual o tamanho de uma próstata normal?
Aproximadamente 20 a 30 gramas.
25. Quais são os critério utilizados no Escore do IPSS?
26. Qual incidência de prostatite nos homens?
TGU: trato genitourinário.
27. Uma biópsia de próstata foi realizada em um paciente com suspeita de prostatite. Quais são as alterações histológicas dessa doença?
Processo inflamatório associado ou não há um quadro de infecção, no qual há um infiltrado inflamatório predominantemente linfocitário no tecido prostático.
28. Como classificar a prostatite em um paciente com essa condição?
A prostatite é classificada segundo a existência ou não de bactérias; verificar se é um processo agudo ou crônico ou crônico agudizado.
29. Como é esperado o EAS e a cultura de urina de um paciente com protatite bacteriana aguda?
A urina, ao sair da bexiga, passa pela uretra e atravessa o meio da próstata; entretanto, ela não traz consigo secreção prostática. Desse modo, o exame de urina poderá estar normal e a cultura, ser negativa.
30. Como é realizado o método de MEARS E STAMEY e qual resultado sugere o diagnóstico de prostatite?
• Primeiro jato (1-10 ml): uretral infecção uretral (uretrite).
• Jato médio (2-10ml): vesical ITU.
• Secreção prostática pós-massagem (3 ml).
• Urina pós-massagem (4-10 ml).
31. Quais as etiologias dos tipos de prostatite?
32. F. L. G., 25 anos, queixa-se de retenção urinária há sete dias. Qual a provável causa desse sintoma?
A prostatite é a principal causa de retenção urinária em pacientes com menos de 50 anos.
33. Quais as principais diferenças entre os tipos de prostatites?