Orovalvopatias: estenoses valvares e regurgitações valvares
- claurepires
- 18 de mar.
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Definição de Orovalvopatias
As orovalvopatias são doenças que afetam as válvulas do coração (mitral, tricúspide, aórtica e pulmonar). Elas podem se apresentar como estenose (estreitamento) ou regurgitação (insuficiência), levando a comprometimento funcional do fluxo sanguíneo e sobrecarga cardíaca.
Classificação das Orovalvopatias
As orovalvopatias são classificadas em dois grandes grupos:
- Estenoses Valvares: Quando a válvula não abre corretamente, dificultando a passagem de sangue.
- Regurgitações Valvares: Quando a válvula não se fecha adequadamente, permitindo o refluxo de sangue.
Estenose Mitral
A estenose mitral é caracterizada pelo estreitamento da válvula mitral, frequentemente causada por febre reumática. Essa condição resulta em sobrecarga do átrio esquerdo, aumento da pressão pulmonar e, em estágios avançados, insuficiência cardíaca direita.
Diretrizes atuais (ACC/AHA 2024):
- Em pacientes com estenose mitral moderada a grave, a avaliação ecocardiográfica é essencial. Recomenda-se a intervenção percutânea (valvoplastia mitral com balão) em casos sintomáticos ou com piora progressiva do gradiente valvar.
- A anticoagulação oral é indicada em pacientes com fibrilação atrial associada.
Tratamento:
- Clínico: Controle da frequência cardíaca (betabloqueadores) e anticoagulação para prevenir eventos tromboembólicos.
- Cirúrgico: A intervenção cirúrgica ou percutânea é indicada em casos graves.
Regurgitação Mitral
Na regurgitação mitral, o sangue reflui do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo devido à incompetência da válvula mitral. A causa pode ser primária (doença degenerativa) ou secundária (devido à dilatação ventricular).
Diretrizes atuais (ESC/EACTS 2021):
- Pacientes com regurgitação mitral grave devem ser monitorados clinicamente e com ecocardiogramas frequentes. Se houver dilatação ventricular ou diminuição da fração de ejeção, a correção cirúrgica está indicada.
- O tratamento com clips percutâneos está indicado para pacientes com contraindicações cirúrgicas.
Tratamento:
- Clínico: Uso de vasodilatadores, controle da pressão arterial e anticoagulantes.
- Cirúrgico: Reparação ou substituição valvar para casos sintomáticos ou com comprometimento funcional.
Prolapso da Válvula Mitral
O prolapso da válvula mitral ocorre quando há deslocamento anormal de uma ou ambas as cúspides da válvula para dentro do átrio esquerdo durante a sístole.
Diretrizes atuais (ACC/AHA 2024):
- O manejo de pacientes com prolapso valvar é conservador, com acompanhamento regular por ecocardiografia. Casos de insuficiência mitral grave devem ser encaminhados para tratamento cirúrgico.
Estenose Aórtica
A estenose aórtica é o estreitamento da válvula aórtica, o que dificulta a saída de sangue do ventrículo esquerdo. Em idosos, a causa mais comum é a calcificação valvar.
Diretrizes atuais (ESC 2021):
- Estenose aórtica grave com sintomas de síncope, angina ou dispneia é uma indicação para intervenção. O implante de válvula aórtica transcateter (TAVI) é recomendado para pacientes de alto risco cirúrgico.
Regurgitação Aórtica
Na regurgitação aórtica, o sangue retorna da aorta para o ventrículo esquerdo, levando à dilatação e hipertrofia ventricular.
Diretrizes atuais (ACC/AHA 2024):
- A cirurgia está indicada em pacientes com regurgitação aórtica grave e sintomas, ou se houver evidência de disfunção ventricular esquerda.
Regurgitação Tricúspide
A regurgitação tricúspide pode ocorrer secundária a hipertensão pulmonar ou dilatação do ventrículo direito.
Diretrizes atuais:
- O tratamento cirúrgico é indicado em casos de regurgitação grave associada a insuficiência cardíaca direita.
Pontos Importantes
- A avaliação ecocardiográfica regular é crucial para monitorar a progressão das valvopatias.
- Intervenções cirúrgicas ou percutâneas são indicadas em casos de estenoses e regurgitações graves.
- Anticoagulação é essencial para pacientes com fibrilação atrial associada à estenose ou regurgitação mitral.
- Manejo de sintomas: O controle da pressão arterial e da frequência cardíaca são pilares do tratamento clínico.
Referências
1. 2024 ACC/AHA Guidelines for the Management of Valvular Heart Disease. American Heart Association, 2024.
2. 2021 ESC/EACTS Guidelines for the Management of Valvular Heart Disease. European Society of Cardiology, 2021.