A apneia obstrutiva do sono é caracterizada pelo colapso repetitivo da faringe durante o sono, resultando em apneias e hipopneias, com consequente hipoxemia, hipercapnia e despertares recorrentes. A apneia obstrutiva do sono é acompanhada por sintomas clinicamente relevantes, como sonolência diurna excessiva, e é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares. A doença é comum e tem grandes efeitos médicos e econômicos; mais de 900 milhões de pessoas são afetadas em todo o mundo, aproximadamente 40% das quais têm doença moderada a grave.
O tratamento de pacientes com apneia obstrutiva do sono historicamente se concentrou no suporte mecânico durante o sono. A terapia com pressão positiva nas vias aéreas (PAP) melhora o índice de apneia-hipopneia (IAH, o número de apneias e hipopneias durante uma hora de sono) e reduz os sintomas relacionados à apneia obstrutiva do sono, mas sua eficácia geral pode ser afetada pela adesão variável à terapia.
Ensaios clínicos randomizados e controlados não conseguiram mostrar que a PAP reduz a ocorrência de resultados cardiovasculares adversos e morte. A terapia de avanço mandibular é usada predominantemente em pacientes que não conseguem ou não querem aderir ao tratamento com PAP, mas não é universalmente eficaz. A cirurgia das vias aéreas superiores, incluindo a estimulação do nervo hipoglosso, pode ser eficaz, mas é uma opção invasiva que pode ser apropriada para pacientes selecionados. Atualmente, não há intervenção farmacêutica que tenha sido aprovada para o tratamento da apneia obstrutiva do sono.
O excesso de adiposidade é um importante fator de risco etiológico reversível para apneia obstrutiva do sono e suas complicações. O benefício da redução substancial de peso no tratamento de pacientes com apneia obstrutiva do sono é bem reconhecido, e as diretrizes clínicas recomendam o tratamento da obesidade em pacientes com apneia obstrutiva do sono.
Assim, uma intervenção farmacológica que tenha como alvo a obesidade e seus efeitos posteriores na apneia obstrutiva do sono, sintomas, pressão arterial e inflamação sistêmica de baixo grau pode facilitar uma abordagem holística que não é totalmente alcançada com os tratamentos mecânicos mencionados acima.
Tirzepatide é um receptor de polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) de ação prolongada e agonista do receptor de peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) que se liga seletivamente e ativa os receptores GIP e GLP-1. É uma sequência de aminoácidos que inclui uma fração diácido graxo C20 que permite a ligação da albumina, o que prolonga a meia-vida.
O tratamento com tirzepatide levou a reduções significativas no excesso de peso corporal, melhorias na pressão arterial e reduções nos marcadores de inflamação e disfunção endotelial vascular, e pode ter o potencial de ser eficaz em pessoas com apneia obstrutiva do sono. Aqui relatamos os resultados dos ensaios de fase 3 do SURMOUNT-OSA que avaliaram a segurança e eficácia do tirzepatide para o tratamento de adultos com apneia obstrutiva do sono e obesidade.
